A erva do mês: GENGIBRE - O remédio universal
Os extratos de gengibre têm sido amplamente estudados por sua vasta gama de atividades biológicas, incluindo ação antibacteriana, anticonvulsivante, analgésica, antiulcerosa, antissecretora gástrica, antitumoral, antifúngica, antiespasmódica, antialérgica e outras. Os gingeróis demonstraram ser inibidores da biossíntese de prostaglandinas. Estudos científicos mostram que o gingerol, um dos principais componentes picantes do gengibre, ajuda a combater a toxicidade hepática, aumentando a secreção biliar. O gengibre possui potentes propriedades antimicrobianas e antioxidantes (conservante alimentar). Um estudo recente, que reforça a reputação do gengibre como estomáquico, demonstra que extratos de acetona e metanol inibem fortemente a ulceração gástrica. Na medicina tradicional, a remoção de toxinas é um dos principais usos do gengibre.
É utilizado como antídoto para intoxicações alimentares, medicamentosas e por outras ervas. Esse reconhecimento também era comum entre médicos e fitoterapeutas no Ocidente. Peter Holmes nos lembra disso em seu clássico livro "The Energetic of Western Herbs" (A Energética das Ervas Ocidentais), que apresenta uma excelente análise da verdadeira natureza, propriedades e usos de centenas de ervas. Ele cita Henry Abraham (1794), que afirma que o gengibre é um corretivo para muitos medicamentos, eliminando seus efeitos nocivos. Os elementos diagnósticos do gengibre são óleo essencial, matéria oleorresinosa, gingibereno, gingerol e shogaol.
CONCEITO AYURVÉDICO
É a especiaria mais sátvica, conhecida como gengibre em inglês e Sonth ou Adrakh nos textos tradicionais indianos. De acordo com o Ayurveda, possui sabor amargo (Katu-rasam), potência quente (Ushna-veeryam), efeito corretivo sobre o ar e a fleuma (Vata-kapha-har-prabhavam), efeito picante residual (Katu-vipakam) e propriedades suaves e untuosas (Laghu-snigdha-gunam). É valiosa como supressora e remédio para distúrbios de Kapha e Vata. É considerada a mais sátvica de todas as especiarias, sendo chamada de Vishava-bheshaj (a medicina universal) e Maha-aushadhi (medicina de amplo espectro).
Um conceito muito importante no Ayurveda é o de Agni (o fogo digestivo e metabólico). Se os alimentos e outras substâncias forem devidamente queimados, processados e digeridos, não criarão a toxina chamada Ama, que é destruída pelo Agni, potencializado pelo gengibre. Na medicina tradicional chinesa, a remoção de toxinas é um dos principais usos do gengibre. Ele é administrado como antídoto para intoxicações alimentares, medicamentosas e por outras ervas. O sabor doce e o metabolismo doce suprimem o Vata, enquanto a natureza quente do gengibre o faz reprimir o Kapha. O Ayurveda considera o gengibre uma erva picante por excelência; ele não possui a picância irritante concentrada da pimenta, que às vezes pode ser muito forte. Ainda assim, é irritante o suficiente para desafiar os músculos e vasos sanguíneos, despertando-os. Também desafia os órgãos internos, particularmente o sistema digestivo, onde se acredita que o gengibre desperta o Agni, ou fogo metabólico. Os sintomas de um agni baixo incluem má digestão, má absorção, má circulação, gases, prisão de ventre, baixa resistência, tendência a resfriados e gripes, congestão nasal, odores corporais e obesidade (esta última devido à insuficiência de fogo para equilibrar a água).
Todos esses problemas são precisamente aqueles que o gengibre trata. Um conceito importante na Ayurveda é o de Agni, ou fogo digestivo e metabólico. Se os alimentos e outras substâncias forem devidamente queimados, processados e digeridos, não criarão toxinas, chamadas 'Ama', que se acumulam em depósitos por todo o corpo. O acúmulo de colesterol nas artérias é um tipo de depósito de 'Ama', assim como a deterioração articular causada pela artrite. Quando o Agni é fortalecido pelo gengibre, ele destrói o 'Ama'. Os venenos e os resíduos da digestão são eliminados. Sintomas digestivos como náuseas, que são resultado de toxinas, são tratados e, a longo prazo, melhoram as condições de saúde.
Doenças como aterosclerose, alergias e problemas reumáticos são prevenidas. O gengibre inibe significativamente as bactérias no cólon que decompõem os açúcares não digeridos, causando gases. Ao mesmo tempo, sabe-se agora que sua ação mais importante é promover uma digestão e absorção mais completas dos alimentos ao longo do trato digestivo. Ele estimula o fluxo sanguíneo para as paredes do estômago e comprovadamente atua como um colagogo, ou seja, estimula o fluxo da bile; isso certamente é uma vantagem na digestão de gorduras e na eliminação de resíduos. Auxilia na absorção de outros componentes. O gengibre age como aromático, carminativo, estimulante, sialagogo e digestivo, sendo usado com sucesso em doenças nervosas e como afrodisíaco. Alivia gases e cólicas abdominais, incluindo cólicas menstruais causadas pelo frio.
USOS TRADICIONAIS DO GENGIBRE NA CULTURA INDIANA
O gengibre, em suas referências antigas, era chamado de Maha-aushidhi (uma Grande Medicina) e usado como carminativo e antifermentativo. O gengibre é apreciado por seu sabor, picância, aroma e valor medicinal. Até mesmo médicos gregos como Galeno, Avicena, Pomose, etc., usavam o gengibre, em diversas formas, para corrigir o desequilíbrio de funções corporais patológicas, tratar paralisia causada por desequilíbrio fleumático, tratar gota e artrite gotosa e até mesmo como afrodisíaco.
O valor calórico do gengibre é estimado em 67. O gengibre fresco tem sido usado para tratar doenças causadas pelo frio, náuseas, asma, tosse, cólicas, palpitações cardíacas, inchaços, dispepsia, perda de apetite e reumatismo. O gengibre é útil para o paladar e o apetite como tempero em diversos tipos de alimentos e pode ser adicionado ao chá. Na Índia do século XIX, um escritor inglês observou que um remédio popular para tosse e asma consistia no suco de gengibre fresco com um pouco de suco de alho fresco, misturado com mel. O gengibre em forma de pasta com um pouco de água também pode ser aplicado topicamente como analgésico para dores de cabeça e de dente. Uma pasta de gengibre seco em pó era aplicada nas têmporas para aliviar a dor de cabeça. Para aliviar a náusea, o gengibre fresco era misturado com um pouco de mel e finalizado com uma pitada de penas de pavão queimadas.
O uso regular de gengibre como tempero reduz o risco de indigestão, flatulência, dispepsia, hiperacidez, etc., causados pelo consumo excessivo de alimentos não vegetarianos e fritos, ricos em gordura. O gengibre coado após fervê-lo em água, com a adição de suco de limão fresco e uma pitada de sal grosso, também pode ser usado como estimulante do apetite, tomado pouco antes das refeições. Essa receita limpa a língua e a garganta, aumenta o apetite e produz uma sensação agradável. O gengibre misturado com mel e água quente também pode ser usado como um excelente remédio para tosses e resfriados inespecíficos. O gengibre fervido em água com sementes de erva-doce e misturado com mel é uma excelente mistura diaforética que aumenta a transpiração e reduz a febre em casos de gripe. Também atua como expectorante em casos de bronquite, asma, coqueluche e tuberculose. Meia colher de chá de gengibre em pó misturado com mel e ingerido com meio ovo cozido, uma vez ao dia à noite, durante um mês, tonifica os centros de estimulação sexual e ajuda a tratar impotência, ejaculação precoce e espermatorreia. Uma receita semelhante, com gengibre adicionado a leite fervido, também auxilia no tratamento da frigidez feminina.
PESQUISAS MODERNAS SOBRE OS USOS DO GENGIBRE
Ações no Sistema Digestivo: O gengibre é um tônico clássico para o trato digestivo. Classificado como um aromático amargo, estimula a digestão e mantém os músculos intestinais tonificados. Essa ação facilita o transporte de substâncias pelo trato digestivo, diminuindo a irritação das paredes intestinais. O gengibre pode proteger o estômago dos efeitos nocivos do álcool e de anti-inflamatórios não esteroides (como o ibuprofeno) e pode ajudar a prevenir úlceras.
Alergias e asma:
O gengibre seco pode auxiliar no controle de alergias e asma, neutralizando o efeito do fator de ativação plaquetária (PAP). O PAP inicia processos inflamatórios em alergias e asma. Foi constatado que sua atividade aumenta após alterações na composição sanguínea que ocorrem em uma dieta rica em gordura.
Aterosclerose e colesterol alto:
(Artrite, bursite, mastite fibrocística, linfedema e dor) O gengibre inibe a produção de componentes do sistema imunológico chamados citocinas. Acredita-se que essas substâncias químicas criem uma tendência de longo prazo a combater a inflamação. O gengibre também estimula a circulação sanguínea. Esses efeitos do gengibre são aproveitados no tratamento de diversas doenças caracterizadas por inchaço e dor, como a artrite. Estudos também demonstraram que o gengibre pode aliviar a dor sem os efeitos colaterais normalmente associados ao uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e corticosteroides.
Ações antieméticas/antivômito:
As pesquisas ainda não são conclusivas sobre como o gengibre age para aliviar a náusea. O gengibre pode agir diretamente no sistema gastrointestinal ou afetar a parte do sistema nervoso central responsável pela náusea. É possível que o gengibre exerça um efeito duplo na redução da náusea e do vômito.
Resfriados, gripes e dor de garganta:
O gengibre contém uma substância química chamada zingibaína, que dissolve parasitas e seus ovos. Em testes de laboratório, extratos de gengibre demonstraram matar o verme anisacídeo (um parasita ocasionalmente encontrado em peixes crus) em até dezesseis horas. O chá de gengibre é útil como suplemento no tratamento da esquistossomose, uma doença parasitária também conhecida como bilharziose ou febre do caramujo. Em resumo, é possível criar diversas receitas com gengibre para o tratamento de várias doenças. Para uso regular, os textos védicos sugerem uma dose de 0,5 a 2 gramas de gengibre em pó com mel, duas a três vezes ao dia. A maioria dos remédios ayurvédicos contém gengibre de uma forma ou de outra como componente essencial de suas complexas formulações fitoterápicas. Diz-se que o gengibre, por si só, pode transformar até mesmo uma pessoa analfabeta em um médico de sucesso.
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